25 de mai. de 2012

CONTRIBUIÇÃO: PAGAMENTO, DÍZIMO, CARNÊ?


“O que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Sl 116.12).
Qual é a forma correta de contribuir. A discussão é atual. Outro dia dei carona a um homem que ia de Bíblia em punho. Não sabendo que falava com um pastor, falou-me que “os luteranos e católicos não são abençoados porque não dão o dízimo”.
Por aí se vê que o assunto está nas ruas. Alguns reclamam afirmando que pagam demais; outros contribuem com a finalidade de obter vantagens de Deus. E, certamente, ainda outros ofertam com alegria e em resposta ao amor de Deus.
Como cristãos e cristãs buscamos sempre a orientação na Sagrada Escritura. O AT (Antigo Testamento) nos ensina logo no início sobre a importância da oferta de louvor a Deus (Gn 4.1-7). E, diante do fato de que o coração humano nem sempre é grato como convém, estabeleceu-se um percentual de 10% das colheitas (Lv 27.30). A intenção é a de apontar para o fato de que tudo o que temos é dádiva de Deus. Ele é o criador e doador de toda boa dádiva. Ao ofertar não lhe pagamos nada. Apenas devolvemos uma parte do que recebemos. O percentual estabelecido em alguns textos do AT quer ser uma orientação e servir como parâmetro. O mais importante é que o coração seja grato! Pessoas gratas e generosas serão ricamente abençoadas (Ex. 25. 1-3; Pv 3.9-10).
No NT (Novo Testamento) o assunto aparece cerca de 90 vezes. Jesus ensinou muito sobre o assunto, pois sabe que nossa maneira de contribuir mostra muito sobre a nossa fé. Em nenhum momento Cristo ordena expressamente que se dê o dízimo. Ele não lhe faz defesa. Enfatiza, sim, a importância da confiança total em Deus (Oferta da viúva pobre – Mc 12.41-44). Não deixa nenhuma dúvida de que a questão material não é e nem pode ser central na vida do ser humano (Lc 12.15; Mt 6.25-33).
O Apóstolo Paulo, por sua vez, mostra a importância da generosidade. Destaca a espontaneidade, a proporcionalidade e a regularidade. “Todos os domingos separem de acordo com o que cada um recebeu” (1ª Co 16.2; 2ª Co 9.1-10; 2ª Co 8.1-12). Não há no ensino de Jesus ou dos apóstolos uma definição sobre algum percentual ou número. Mas, recomendação de que toda a oferta tenha a marca da gratidão a Deus. Portanto, podemos ofertar mais ou menos do que 10%. Qualquer que seja o valor ou percentual, só faz sentido e só traz bênção se brotar do coração.
Portanto, o dízimo (10%) é legítimo sempre e somente quando for espontâneo e voluntário. Uma feliz, sincera e convicta resposta ao amor de Deus que nos presenteia incontáveis bênçãos.  Dízimo como lei não combina com o ensino de Jesus e não favorece muito a uma prática de gratuidade. O mesmo pode-se dizer do carnê com valor fixo.  Taxas e mensalidades com valor fixo redundam, muitas vezes, em muitas reclamações e não combinam com o espírito da oferta de gratidão. E, ofertar com murmuração não traz bênçãos. Neste particular necessitamos retornar ao Evangelho para que volte a falar o nosso coração.    
P. Rosemar Ahlert