Entre
os dias 13 e 22 de junho, nosso país foi sede da Conferência das Nações Unidas,
sobre desenvolvimento sustentável, a Rio +20. Infelizmente, pesquisas apontaram
que 78% dos brasileiros não tinham conhecimento sobre o que seria debatido no
encontro. Governantes e chefes de estado estiveram reunidos para discutir sobre
a economia verde, erradicação da pobreza e a estrutura institucional para um
desenvolvimento sustentável. O encontro era importante, mas foi pouco divulgado
e, por fim, acabou gerando um documento fraco, com falsas soluções defendidas
pelos mesmos atores que provocam a crise global.
Paralela
à conferência oficial, ocorreu a Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo,
evento organizado pela sociedade civil, em que os povos pediam paz, respeito e
justiça. Assim como o acontecimento principal, este recebeu ainda menos atenção
da mídia. Na Cúpula, pessoas gritavam contra a Conferência das Nações Unidas,
contra a centralização do poder e discutiam, de fato, a sustentabilidade. Mas
uma sustentabilidade sobre o capitalismo, e não sobre o verde, sobre nossa
casa, sobre a Criação de Deus.
18
jovens, de 10 sínodos da IECLB também puderam embarcar rumo ao Rio de Janeiro,
para somar suas forças e vozes àqueles que primavam pela justiça. Eles foram
selecionados entre vários outros jovens de todo o Brasil para compor o projeto
Criatitude – Rumo à Rio +20, da Secretaria Geral, junto com o Conselho Nacional
da Juventude Evangélica (Conaje), a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e
Federação Luterana Mundial (FLM). O projeto teve início com a elaboração da
cartilha Criatitude, em 2011, que foi
uma parceria entre Conaje e o Conselho Sinodal da Juventude Evangélica do
Sínodo Rio dos Sinos, para o Mês de Missão da Juventude para aquele ano e eu
tive a oportunidade de participar.
Mais
que participar de palestras, oficinas e debates, fomos desafiados a olhar para
a situação do mundo e agir; tomar decisões que resultem em um bem coletivo, e
não somente para aquilo que temos à nossa volta. Dentre a rica programação que
tivemos, posso destacar alguns itens. Marina Silva, ex-ministra do meio
ambiente, em conjunto com Cláudio Oliver e Ednaldo Michelou, palestrou no
Instituto Benne, onde estivemos alojados, sobre o papel dos jovens cristãos na
sustentabilidade, na transformação do mundo. Ela enfatizou a mudança no nosso
jeito de ser, e não apenas de fazer, diferentemente do que acontece na
Conferência oficial, em que se discute apenas o fazer, tendo como foco o
estabelecimento de metas ou objetivos.
Inspiradora
também foi a Marcha, no dia da Mobilização Global. A Avenida Rio Branco reuniu,
dessa vez, não só jovens, não só cristãos, mas pessoas de todos os credos, de
todas crenças, de todas as cores, de todas as idades, que lutavam por causas
diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Nosso grupo já era a prova disto, pois,
além de ter de todo o Brasil, também incluiu jovens de outras Igrejas Luteranas
da América Latina, como Chile, Colômbia, El Salvador, Nicarágua e Suriname.
Lutavam por melhores condições de saúde, por mais respeito, pelos direitos das
mulheres, direitos indígenas, educação, agricultura familiar, código florestal,
mas, acima de tudo, e em comum, por uma vida mais digna e justa para todos.
Uma
semana na “Cidade Maravilhosa”, repleta de belezas naturais, nos faz meditar
sobre como a mão de Deus é bondosa e atua sobre as pessoas. Nada mais justo que
cuidarmos da sua Criação, assim como ele tem cuidado de nós. O ser humano
precisa perceber que faz parte da obra de Deus e não achar que está acima dela.
Este foi o enfoque da Oficina nós, jovens luteranos, assessoramos durante a
Cúpula e também do culto que participamos em uma Comunidade carioca. Me
emocionei muito quando, ao final do culto, depois de dançarmos a música
“Momento Novo”, uma senhora que estava passando na rua, entrou e veio dar seu
depoimento de que nunca tinha visto uma Igreja tão animada, e nos incentivou a
usarmos nossa criatividade, nossa atitude, nossa força jovem para o bem da
Criação.
Martina
Wrasse Scherer
JE
Sinodo Centro-Campanha Sul
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