“O que darei ao Senhor por todos os seus
benefícios para comigo?” (Sl 116.12).
Qual é a forma correta de contribuir. A
discussão é atual. Outro dia dei carona a um homem que ia de Bíblia em punho.
Não sabendo que falava com um pastor, falou-me que “os luteranos e católicos
não são abençoados porque não dão o dízimo”.
Por
aí se vê que o assunto está nas ruas. Alguns reclamam afirmando que pagam
demais; outros contribuem com a finalidade de obter vantagens de Deus. E,
certamente, ainda outros ofertam com alegria e em resposta ao amor de Deus.
Como
cristãos e cristãs buscamos sempre a orientação na Sagrada Escritura. O AT
(Antigo Testamento) nos ensina logo no início sobre a importância da oferta de
louvor a Deus (Gn 4.1-7). E, diante do fato de que o coração humano nem sempre
é grato como convém, estabeleceu-se um percentual de 10% das colheitas (Lv
27.30). A intenção é a de apontar para o fato de que tudo o que temos é dádiva
de Deus. Ele é o criador e doador de toda boa dádiva. Ao ofertar não lhe
pagamos nada. Apenas devolvemos uma parte do que recebemos. O percentual
estabelecido em alguns textos do AT quer ser uma orientação e servir como parâmetro.
O mais importante é que o coração seja grato! Pessoas gratas e generosas serão
ricamente abençoadas (Ex. 25. 1-3; Pv 3.9-10).
No NT
(Novo Testamento) o assunto aparece cerca de 90 vezes. Jesus ensinou muito
sobre o assunto, pois sabe que nossa maneira de contribuir mostra muito sobre a
nossa fé. Em nenhum momento Cristo ordena expressamente que se dê o dízimo. Ele
não lhe faz defesa. Enfatiza, sim, a importância da confiança total em Deus
(Oferta da viúva pobre – Mc 12.41-44). Não deixa nenhuma dúvida de que a
questão material não é e nem pode ser central na vida do ser humano (Lc 12.15;
Mt 6.25-33).
O Apóstolo
Paulo, por sua vez, mostra a importância da generosidade. Destaca a
espontaneidade, a proporcionalidade e a regularidade. “Todos os domingos separem
de acordo com o que cada um recebeu” (1ª Co 16.2; 2ª Co 9.1-10; 2ª Co 8.1-12).
Não há no ensino de Jesus ou dos apóstolos uma definição sobre algum percentual
ou número. Mas, recomendação de que toda a oferta tenha a marca da gratidão a
Deus. Portanto, podemos ofertar mais ou menos do que 10%. Qualquer que seja o
valor ou percentual, só faz sentido e só traz bênção se brotar do coração.
Portanto,
o dízimo (10%) é legítimo sempre e somente quando for espontâneo e voluntário.
Uma feliz, sincera e convicta resposta ao amor de Deus que nos presenteia
incontáveis bênçãos. Dízimo como lei não
combina com o ensino de Jesus e não favorece muito a uma prática de gratuidade.
O mesmo pode-se dizer do carnê com valor fixo.
Taxas e mensalidades com valor fixo redundam, muitas vezes, em muitas
reclamações e não combinam com o espírito da oferta de gratidão. E, ofertar com
murmuração não traz bênçãos. Neste particular necessitamos retornar ao
Evangelho para que volte a falar o nosso coração.
P. Rosemar Ahlert